segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carro Novo

Já fazem 1 ano e 5 meses que estamos morando aqui em Melbourne e durante todo esse tempo, com algumas exceções, nos privamos de algo que eu aprecio por demais, dirigir. Das poucas vezes que alugamos carro para viajar, o prazer de dirigir foi supremo, coisa que, no Brasil, nem passava muito pela cabeça já que dirigíamos todos os dias. A Alyne pode não fazer tanta questão de dirigir ou não ter esse prazer todo, mas era uma coisa que me fazia uma falta danada. Parece coisa de playboy ou algo do tipo, mas entrar todos os dias de manhã no carro, ligar o som alto, abrir os 4 vidros e sair de 0 a 100 em ... (tá bom, nunca tive um carro que chegasse de 0 a 100 em 5 segundos, entao não vou mentir aqui :P) e sentir o vento batendo forte era uma coisa me trazia uma paz inexplicável, fazia com que eu não pensasse em absolutamente nada e esquecesse de qualquer problema que tivesse. Era como uma terapia.

Tenho que confessar que aqui a necessidade de ter um carro não é tao grande como no Brasil (aliás, como Brasília), que carro era praticamente uma identidade, se não tivesse era quase impossível fazer qualquer coisa, a não ser que você morasse no "centro do mundo" (plano piloto), caso contrário, ficaria ilhado dependendo de alguem que pudesse te socorrer. O servico público de transporte no Brasil, infelizmente, ainda é uma vergonha e ainda vai demorar bastante tempo para melhorar a ponto de ser aceitável.

Contrário do que alguns asiáticos possam falar, já que a base de comparação é completamente diferente, aqui o transporte público funciona. Temos mais de dez linhas de metrô que te leva praticamente pra qualquer lugar em Melbourne, ônibus, que usamos muito raramente, e temos também os trams, que não é algum muito comum no Brasil, que é basicamente um bonde que anda no meio das ruas junto com os carros. E exatamente na frente da nossa casa tem uma parada de tram, e temos um aplicativo pra iPhone que nos fala em tempo real em quantos minutos o tram vai estar na parada. Depois disso, muitos diriam que carro é um bem supérfluo aqui, mas chega no final de semana, a falta de um carro dificulta a vida demais. As vezes queremos apenas ir pra casa do Fabão fazer uma visita, mas logo desistimos por pensarmos no tempo que levaria da nossa casa pra dele de trem (não por ser longe, mas por termos que trocar de trem). Sem contar que as vezes queremos comprar algo um pouco mais pesado e temos que vir carregando no trem ou depender dos outros para nos ajudar. É complicado.

Depois desse tempo morando aqui, vimos uma luz ao fim do túnel e uma oportunidade de finalmente ter um carro. Aqui na Austrália, o fechamento do ano fiscal é no dia 30 de junho, ou seja, nessa época você deve fazer o imposto de renda e receber a diferença do que você pagou até então, que é seu por direito. Muita gente nos ludibriou falando que receberíamos tudo o que pagamos de volta, já que não somos cidadãos australianos e blá blá blá. Então nossa expectativa tava nas alturas, achando que iríamos ganhar uma bolada enorme, que daria pra comprar um carro, uma moto e pagar nossa próxima viagem pra Europa. Doce ilusão! Quando pegamos a estimativa do que receberíamos de volta, a realidade nos derrubou. A grana não dava pra pagar nem um terço de um carro que eu sonhava em pegar, isso porque eu não sonhava com nenhum carro caro (mas antes receber do que ter que pagar, né?). Mas enfim, a realidade era essa e se quiséssemos realmente um carro, teríamos que baixar nosso orçamento e comprar um carro beeeeem mais barato.

Faltava ainda umas duas ou três semanas para recebermos a restituição, entao tínhamos tempo o suficiente para pesquisar e pra escolher um carro decente e não tão velho, mas a ansiedade me corroía por dentro. Nossa! Que vontade de comprar um carro logo. Daí que veio uma proposta do Fabão, que já tinha recebido a restituição dele, de emprestar a grana até a gente receber nossa restituição. Nem pensamos duas vezes e aceitamos. Comecei então a procura incessante. Parece que caiu do ceu, achei um carro bem diferente do que esperávamos, já que o orçamento era baixo, mas por um preço bem acesível. Mandei então um sms pro dono e fomos ver o carro no outro dia.

O carro era um Renault Scenic RX4 2002 e o valor que o dono tava pedindo era $4.800. Chegando lá, vimos o carro e por fora estava bem aceitável, por dentro até que tava legal, mas parecia que pertencia a uma família de porcos, tava imundo (ainda tá, ainda não tivemos tempo de lavar, porque pegamos a dois dias atrás). Demos uma volta no carro pra ver se tava tudo certinho e parecia estar, embora estar um pouco acelerado. Resolvemos entao fechar negócio e como todo brasileiro que se preze, eu tinha que dar uma choradinha, apesar de que pagaríamos o valor sorrindo, pois foi um achado. Praticamente nao precisei chorar e o dono falou que o mínimo que ele poderia aceitar era $4.400. E batemos o martelo!

Pronto, já comprei o suporte pro iPhone pra usarmos como GPS, o carregador veicular, já solicitei o e-Tag para podermos andar nas pistas com pedágio, já fiz o seguro (ridiculamente barato por sinal: $230 por ano), e hoje transferi o carro pro nosso nome. Agora temos oficialmente um carro para buscarmos no aeroporto nos pais, sogros, irmãos, cunhados, tios, primos, avôs, amigos e etc que vierem nos visitar e também para fazer todos os passeios que quisermos.

Tão feliz... mais um objetivo conquistado, vamos pular pro próximo :D

Um comentário:

  1. Quem usa ônibus raramente? Amor, eu vou de traim e de ônibus pra escola todos os dias, esqueceu?!?! hehehe, estamos feliz demais mesmo de carro novo-velho!!!

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